domingo, 11 de setembro de 2011

FRIO



FRIO.


Frio é a noite sem estrelas
Frio é o corpo esquálido do ancião
Frio é o prazer dos idiotas
Frio é a treva do coração
E a agrura dos ignotas.


Frio é o amor dos cegos
Frio é o mármore da sepultura
Frio é o corpo sem vida
Frio é o verme na altura
E a alma esquecida.


Frio é o sorriso do surdo
Frio é a nuvem sozinha que vai
Frio é a ferida que inflama
Frio é o coração quando trai
E quando não ama.


Frio é mão falsa que me toca
Frio é a terra do cemitério
Frio é o sentimento do insensível
Frio é o segredo do mistério
E o desejo impossível.


Frio é a rua escura em que caminho
Frio é o depressivo que chorou
Frio é o mundo do retardado
Frio é o sonho que acabou
E a sina do amaldiçoado.


Frio é o notívago sem destino
Frio é a doença sem cura
Frio é a razão da maldade
Frio é a busca sem procura
E o martírio da saudade.


Frio é o olhar que não me vê
Frio é o amor desperdiçado
Frio é a vida que não é vivida
Frio é a tristeza do passado
E a agonia arrependida.


Frio são estas palavras vesânicas
Frio é o desespero fobial
Frio é o pensamento do homicida
Frio é o golpe final
E o medo da vida.




Frio é tudo que vive
Frio é minha vida solitária
Frio somos nós que sofremos
Frio é o destino de um pária
E o mal que fazemos.


Frio é o mundo
Frio é a morte
Frio é o aleijado que não morreu
Frio é a fraqueza do forte
Frio é o desgraçado que me esqueceu
Frio é a vida
E sou eu.

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